quarta-feira, abril 30, 2008

Até sempre Severa


Ponde nos braços da banza Um sinal de negro fumo Que diga por toda a parte: O fado perdeu seu rumo.


Teu sonho era a vida Severa, e partiste sem que te perguntassem se querias mesmo partir. Nasceste Severa, e nem te perguntaram se querias nascer..andaste descalça por este mundo a sorrir. Levaram-te num carro para o abismo Severa...Será que te perguntaram se querias mesmo ir? Severa, teus olhos azeitona iluminam o bairro que deixaste, perguntaram-te Severa? perguntaram-te se querias deixar o ingote? perguntaram Severa? Se querias deixar os teus amigos, também descalços tal como tu? Não sei se te perguntaram menina cigana, mas sei que serás sempre insequecivel; teu nome reflecte o que eras...Severa...nada de pequenas coisas nem de frescuras; quem te quisesse alcançar, teria de ser como tu: um pé descalço! e como admiro isso em ti CIGANA! Severa...desde que partiste em tão tenra idade(12 anos talvez? perdoa Severa, mas nunca soube ao certo a tua idade), o teu bairro, esse Ingote iluminado pela luz dos teus olhos, perdeu grande parte do seu brilho. Gostaria que tudo fosse diferente Cigana; gostaria de te ouvir cantar o fado de Liboa como só uma cigana como tu sabia fazer, cantar em romanês...esse idioma caracteristico da tua cultura Severa! Que saudades menina! Ficarás comigo Ficarás no mundo Ficarás, Sever; para sempre aqui no teu Ingote. ATÉ SEMPRE MENINA CIGANA


Chorai, fadistas, chorai, Que a Severa se finou, O gosto que tinha o fado, Tudo com ela acabou.