segunda-feira, outubro 16, 2006

Apesar de já não ser novidade (para alguns), o mercadinho do botânico voltou a abrir portas este sábado.
Os produtos expostos para venda são de origem em produção biológica.
No entanto este mercado assume-se publicamente como “mercado de agricultura sustentável”; isto porque, para os produtores poderem rotular os seus produtos como biológicos, teriam de ter a uma certificação a nível europeu, e o custo da certificação, no caso dos pequenos produtores, não compensa.
Os produtos biológicos ainda são, para alguns, um grande mistério.
Ouve-se dizer que faz bem à saúde, que são bons para o meio ambiente.
Mas, a pouca procura destes produtos, leva a crer que a informação não chega ao potencial consumidor da melhor maneira.
Paulo Coelho, um dos comerciantes certificado de produtos biológicos, acredita que o maior apoio a receber é a nível de informação e educação, “ para falar a verdade, eu não acho que o mais importante seja pedir dinheiro ao estado para o modo de produção biológico.
A agricultura em geral conta com alguns apoios financeiros, o modo de produção biológico conta ainda com mais uma ajuda especial, a ajuda à produção. Eu acho que seria muito mais importante ter apoio a nível de educação e de informação; porque é que não existe uma disciplina relativa à nutrição? É obvio que as pessoas não compram o que não conhecem”, afirma Paulo Coelho.
Um dos factores negativos para a compra deste tipo de produtos, é porque são mais caros que os normais.
A questão que se poderá colocar é se o caro se torna barato, Paulo Coelho não tem dúvidas nenhumas em relação a esta questão, “ os produtos biológicos são, de facto, mais caros. Cerca de 30% mais caros. No entanto no que toca à qualidade do produto, o caro acaba por sair barato.
Este género de produtos é extremamente rico em nutrientes.
Por exemplo, aqui no mercadinho do botânico, temos um género de maçã típica do interior, chama-se a maçã de Esmolf, é saborosa, aromática e com baixo de teor de água. Comparando com outras maçãs, como a golden (muito consumida em Portugal)
a de Esmolf é muito mais rica em nutrientes, a Golden contém imensa água, o que o consumidor está a pagar é em parte grande parte a água contida no produto”, exemplifica o mesmo.
A malápia de Gouveia é outra maçã de origem biológica vendida no mercadinho que, tal como a de Esmolf, é muito rica em nutrientes e com pouca água, “o que diferencia o produto biológico do não biológico, é que quanto mais água possuírem, menos sabor têm, os produtos biológicos são muito mais ricos em vitaminas”, realça Paulo Coelho.


Porque é que os outros são mais baratos?

Uma pergunta bastante pertinente é : porque é que os produtos biológicos são mais caros?
Para Paulo Coelho não faz sentido nenhum, “uma agricultura biológica não polui, todos os animais têm de ser criados em regime de ar livre, nós acabamos por pagar mais caro por a poluição que outro género de agricultura faz.
Se calhar, os produtos biológicos serem 30% mais caros ainda é pouco, tendo em conta a questão da saúde e do Ambiente. Cultivamos as coisas na altura que devem ser cultivadas, para serem mais ricas em nutrientes e minerais, e conterem menos água.
Talvez seja pouco para tantas vantagens que esta cultura dá a todos nós.
Estamos a comprar água ao preço de fruta e de carne”, afirma o mesmo.

Onde comprar produtos biológicos?

Se há uns tempos atrás mal se ouvia falar em agricultura biológica, e poucos eram os locais onde o consumidor os poderia adquirir, actualmente já não é bem assim.
As grandes superfícies comerciais já são adeptas deste tipo de produtos, também para colmatar as necessidades dos consumidores que já fizeram destes produtos um hábito alimentar diário.
No entanto, a existência de produtos frescos é praticamente inexistente.
Paulo Coelho é também um dos proprietários da única loja, exclusivamente dedicada a este tipo de cultura, “a Quental Biológica é a única loja especializada nesta categoria, a loja tem alguns produtos frescos diariamente, mas a maior parte, ainda são produtos transformados, e na maioria estrangeiros. A diferença das grandes superfícies, é que aqui há frescos, apesar de pouco. Mas queremos melhorar nesse sentido”, afirma Paulo Coelho.
Outro dos mitos (se assim se puder chamar) que a agricultura biológica faz passar, é que é uma cultura de elites.
“Os preços são elevados, e criou-se mesmo o estereótipo de que é uma cultura de ricos, porque os pobres não lhes podem aceder”, refere Paulo Coelho.
No entanto, Paulo Coelho acredita que se existissem mais lojas com exclusividade para este tipo de produtos, os preços seriam cada vez mais baixo, pois seria um mercado mais competitivo também. “ Na Quental Biológico, os preços são acessíveis, estão dentro da média. É natural que numa grande superfície, as coisas acabem por ser mais caras, e como não há conhecimento deste mercado, as pessoas ficam com a ideia de que é assim em todo o lado”; Paulo Coelho apostou numa loja de pequenas dimensões com o objectivo de servir a todos, sejam ricos ou pobres:” o grande objectivo da loja, é a de ser um espaço onde todos fiquem satisfeitos, com os preços na medida certa, não é só para quem tem mais possibilidades, mas para qualquer cidadão. Acho que conseguimos agradar a todos os estratos sociais, além de preços acessíveis, também fazemos entregas ao domicílio”.
A Quental Biológico situa-se na Rua Antero de Quental, nº218; também dispões de um site na Internet: http://quentalbiologico.canalblog.com.